Uma palavra que me define como acadêmico, antes do primeiro paciente, antes da primeira consulta, antes do primeiro diagnóstico, antes da primeira prescrição, com certeza é GRATIDÃO.
Porque gratidão?
Bem simples, quando eu era criança e minha mãe me colocava embaixo da sua asa, febril, muitas vezes com chuva ou sol torrando e me levava ao médico, eu ficava observando e pensando no quanto seria bom poder curar as pessoas.
Meu intuito era crescer e fazer medicina, curar as pessoas, vê-las restabelecidas, sorrindo, correndo felizes, resumindo, prontos pra outra.
O mundo prega peças e muitas vezes não conseguimos realizar todos os nossos sonhos e por mais que a frustração nos deixe apáticos e perplexos, sempre há um tempo certo pra tudo, mesmo que não seja aquilo que tínhamos em mente mas algo se encaixa como uma luva na roda da nossa vida e voltamos a fazer novos planos para o futuro, enfim sem ressentimentos…
A Nutrição é um curso em que aprendemos o respeito ao próximo, seus valores, sua simplicidade e seus limites, onde aprendemos também que existem sim pessoas com mais recursos financeiros que outros mas no final das contas o dinheiro não pode comprar saúde e é onde entramos.
Olhando pra tudo que aprendi com minhas estimadas e queridas professoras e professores, desde os valores que devemos acrescentar a nossa vida pessoal, quanto a vida profissional, vejo que não importa a área da saúde a qual nos dediquemos, o final, o ponto chave, o foco sempre vai ser o bem estar do nosso paciente, seja ele quem for, rico ou sem recursos, branco ou multicor, gostando de alimentos integrais ou apreciador daquela saborosa picanha do final de semana.
Enfim, todos os valores que eu sonhei quando criança ver e sentir em forma de gratidão, reconhecimento e realização profissional agora posso por em prática finalmente.
O que se imagina no atendimento do consultório…
A visão que eu tinha do estágio era a mais simples possível, me imaginava atendendo os pacientes de uma forma mais formal onde laços não se formariam, vínculos por menores que fossem não seriam criados, onde a depressão pela compulsão alimentar não fosse um fato corriqueiro, onde as doenças graves em pacientes jovens por péssimos hábitos alimentares fossem apenas artigos da literatura, onde todas as pessoas estivessem com as mentes abertas e conscientizassem da importância dos bom hábitos alimentares, onde as dores da falta de alimentos à mesa não doeriam e apertariam forte o coração. As anamneses seguiriam seu curso normal, investigativas, procurando aquela mentirinha que a gente sempre ouve falar em sala de aula, um pulo do gato, como se isso fosse o auge da consulta. Descobrir todos os erros do Recordatório Alimentar 24 horas, Questionário de Frequência Alimentar e como num jogo de xadrez dar xeque mate nas falhas da alimentação e como um mestre dos consultórios matar a xarada da má alimentação do paciente.
Viva!!!
Agora é só fazer a Antropometria e ver como estão as circunferências e dobras dos pacientes, calcular o IMC, RCQ, Peso Mínimo, Médio e Máximo, Porcentagem de Gordura Corporal, GEB, GET, Ingestão Hídrica, etc, etc, etc e tudo prontinho.
Agora é só fazer a dieta!!!
A realidade como ela é!!!
Quem dera o atendimento fosse essa “Terra do Nunca”, esse parque de diversões onde apenas os maus hábitos alimentares estivessem em evidência. Há o outro lado da laranja…
Há um lado de tristeza, um lado de desespero, há nos olhos do outro lado da mesa do consultório um olhar deprimido, anoréxicos, bulêmicos, implorando ajuda, implorando socorro, há um bebê vindo pra trazer alegria pra um casal, pra uma família mas também há uma obesidade classe III, esteatoses hepáticas silenciosas prontas pra se tornarem cirrose, há as dislipidemias, as diabetes, os carcinomas, há a falta de alimentos na mesa da família, ainda há VIDA!!!
Esse é o lado que a gente não espera encontrar tão cedo mas por ironia do destino é o primeiro lado que vemos. A realidade diante dos olhos, pulsando tão perto do nosso coração abrindo nossas mentes para o lado que é o mais crítico e exige mais do nosso lado profissional.
Esse é o lado que a gente não espera encontrar tão cedo mas por ironia do destino é o primeiro lado que vemos. A realidade diante dos olhos, pulsando tão perto do nosso coração abrindo nossas mentes para o lado que é o mais crítico e exige mais do nosso lado profissional.
Agora não é somente uma questão de equilíbrio entre nutrientes, uma reeducação alimentar, é uma questão ética, uma questão humana, uma questão de honra levar a todos os pacientes que necessitam, uma qualidade de vida melhor.
Este é o lado que escolhi pra minha vida…
Eu não espero que minha folha de pagamento seja milionária tampouco ficar rico com a profissão que escolhi, sei as limitações do país em que vivemos e também sei que se quiser conquistar algo na minha vida tem que ser com o suor do meu rosto, com o esforço do meu trabalho.
Essa é a profissão que escolhi, NUTRICIONISTA, gratificante, bela, educativa e orientadora. Sei que durante o decorrer da minha estrada ainda vou encontrar muitos obstáculos que me farão refletir sobre a “Coisa certa a fazer”. Nessa hora eu vou parar um pouco, conversar com DEUS e pedir pra que me oriente a fazer sempre a coisa certa.
Agradecimentos…
Agradeço de coração à minha Professora Elen Rabelo, que foi muito mais que uma ferramenta de orientação, foi uma verdadeira amiga tanto nos assuntos do estágio quanto uma palavra amiga em dias em que fogem à nossa rotina, não medindo esforços para nos trazer conhecimento e dar seu máximo para que possamos ser além de excelentes profissionais, seres humanos compreensíveis e de valores absolutos.
Aos meus colegas de estágio, Dalilla, Hérika, Leidiane e Yuri que juntos acompanharam de perto todo esse mundo por trás do atendimento nutricional clínico.
Fiquei realmente muito agradecido à nossa colaboradora e funcionária do Hospital Universitário Atenas, a amiga Kênia, que mesmo sendo regra da instituição ter horários para impressão de documentos fazia questão de nos auxiliar o horário que fosse. OURO PURO.
Fiquei também muito agradecido aos demais funcionários e colaboradores da Instituição, pessoal de arquivos de pacientes, expurgo, atendentes da recepção e auxiliares da limpeza que deixam o Hospital sempre com um cheirinho que sinto falta e todos que direta ou indiretamente contribuíram para que nosso estágio fosse o mais agradável possível.
Espero que tenham gostado do artigo e nos vemos na próxima.
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